Agenda ESG: Coisa SÓ de Gente GRANDE?

#32 Agenda ESG é coisa de Gente Grande?

Você já perguntou para um empresário, dono de uma pequena empresa, se ele tem agenda ESG, de sustentabilidade? Se não, faça isso. Você vai se surpreender.

Digo isso porque, como o meu foco de atuação é consultoria e mentoria em gestão empresarial, voltada para pequenos negócios, toda vez eu pergunto. As respostas, invariavelmente, são uma ou mais dentre as seguintes:

  1. essa coisa de ESG não se aplica ao meu setor;
  2. isso é para uma empresa grande que já tem estrutura;
  3. custa muito caro fazer isso;
  4. tem que ter gente só pra cuidar desse assunto;
  5. quando eu for grande vou pensar a respeito;
  6. não sei como fazer.

Será? Qual você acha que é essa resposta está correta? 

Se você disse “6”, acertou.

Pra inicio de conversa, vai longe o tempo em que sustentabilidade era cuidar do meio-ambiente, APENAS! 

O primeiro a fazer, então, é atualizar o conceito de ESG. 

Essas três letrinhas, iniciais de palavras em inglês (Environmental, Social, Governance – ambiente, social e governança, em português), representam os pilares de práticas relacionadas a questões ambientais, sociais e de governança corporativa nas empresas. 

Eles medem a sustentabilidade e o impacto ético de qualquer investimento, abrangendo um amplo espectro de resultados além da tradicional análise financeira.

E isso se deve fundamentalmente à pressão crescente da sociedade civil, ao olhar atento do mercado financeiro e da atuação dos agentes reguladores nacionais e internacionais. Cada vez mais as empresas estão sendo analisadas e responsabilizadas pelos impactos provocados por toda a cadeia produtiva em que estão envolvidas (a jusante e a montante) e não apenas por suas próprias ações que aparentemente se encerram na entrega dos seus produtos ao seu cliente.

Por exemplo, se sua empresa, mesmo sendo um açougue de pequeno porte é, fornecedora de carne para uma cozinha industrial, suas ações vão deixar “impressões digitais” no produto ou serviço daquela empresa. Como dito antes, você, dono de um pequeno açougue, compra de um frigorífico que não respeita os princípios ESG (vende carne bovina proveniente de pastagens em áreas desmatadas clandestinamente), sua empresa ficará “contaminada” pelas ações desse fornecedor. Por mais que você faça tudo certinho.

A preocupação não é nova. Em termos de Brasil, desde a Rio-92, há 30 anos, se discute a ligação entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental. Não é o caso de aqui relacionar todas as iniciativas adotadas nos vários fóruns internacionais convocados para o debate desse tema. É bom saber que há registros com mais de 50 anos sobre o tema.

O  fato é que ESG se constitui em um movimento sem volta. Dados recentes revelam que entre as 500 maiores empresas que operam nas bolsas dos EUA, 90% já publicam regularmente balanços de sustentabilidade, registrando ações nas três dimensões. 

Para dar uma ideia das áreas em que se situam as iniciativas das empresas:

No pilar ambiental, fazem parte: o emprego de fontes de energia renováveis, a gestão de resíduos dos processos produtivos e o uso responsável dos recursos hídricos, controle da emissão de gases de efeito estufa, a preocupação com o desmatamento e alterações climáticas envolvendo toda a cadeia de fornecedores.

O pilar social inclui temas que vêm ganhando espaço nas empresas como inclusão, direitos humanos e diversidade. Qual o tratamento da empresa no que se refere aos trabalhadores e às comunidades locais, incluindo questões de saúde física, mental e segurança, inclusive de dados? Essas ações sociais envolvem não apenas os próprios funcionários mas, também,  os terceirizados e fornecedores.

Finalmente, no pilar governança corporativa, são tratados temas ligados  à redução de riscos de fraudes, lavagem de dinheiro e corrupção. Tem a ver com os processos de tomada de decisão, desde a elaboração de políticas até a distribuição de direitos e responsabilidades entre todas as partes interessadas no negócio (stakeholders).

Coordenar todas essas variáveis é um enorme desafio. Exige gestão consciente, robusta, transparente e atenção contínua. E, mais do que isso, requer visão de longo prazo, mesmo porque a sustentabilidade passa pela garantia de direitos da geração atual e das que virão.

Ensinamento da semana: Deixe seu melhor por onde passar; pode ser que um dia você precise voltar.

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