Como é para você encontrar pessoas que falam uma coisa quando, na verdade, querem dizer outra, bem diferente?
Você, empresário de uma pequena, média ou grande empresa, talvez não se dê conta na prática cotidiana da importância da comunicação empresarial e dos efeitos tanto positivos quanto negativos que ela pode provocar nos seus liderados, clientes ou parceiros de negócios.
A razão disso é que quando comunicamos alguma coisa, por mais simples que seja, sempre geramos uma impressão na mente das pessoas. Essa impressão pode ser tanto boa como ruim. E isso acontece por diferentes razões e, para simplificar, vou restringir a três.
A primeira é que uma mensagem disparada atinge o seu alvo muito rapidamente. A velocidade do som é 340 metros por segundo. Portanto, em menos de um segundo a pessoa já formou uma opinião a seu respeito; ela pode gostar ou não, confiar ou não. Já reparou que ao acessar um vídeo no youtube, você é “obrigado” a assistir só 5 segundos de uma publicidade? Por que será? As pesquisas científicas sobre o assunto indicam que é o tempo necessário para despertar interesse ou não no que está sendo apresentado. Como segunda razão, está o fato de que a impressão que se forma é inconsciente, independente da vontade do seu interlocutor. Finalmente, a terceira é que a todo estímulo externo, o cérebro provoca uma reação, que pode se manifestar física ou emocionalmente.
Em toda comunicação usamos três recursos que devem ser harmônicos e coerentes: os recursos verbais que consistem na escolha de palavras adequadas e acessíveis a quem está ouvindo e na forma como as ideias são organizadas, com nexo e clareza; o segundo conjunto de recursos são os não verbais; aqui se enquadram a expressão corporal, especialmente a facial, os gestos e a postura; as coisas boas têm que ser comunicadas com leveza e descontração; as coisas sérias devem ter uma expressão compatível o momento. E, por último, os recursos vocais que expressam a maneira como se fala; o tom da voz, velocidade e o uso adequado das pausas e ênfases durante a mensagem. Os discursos do ex-presidente Barack Obama se notabilizam pelas pausas estrategicamente introduzidas na sua fala. As paradinhas de Obama, literalmente, “roubam” a cena e engajam a platéia na mensagem.
O grande filósofo grego Aristóteles (384 a 322 a.C.), considerado o pai da comunicação, foi um dos primeiros pensadores a elaborar os fundamentos da Retórica, que é uma das formas de comunicação, especialmente aquela que tem fins persuasivos. Propunha que o discurso fosse dividido em três etapas: a ethos em que se transmite credibilidade e autoridade; pathos, que desperta a emoção e o engajamento de quem ouve, geralmente através de uma história, de modo a passar a percepção clara de que a pessoa está dizendo a verdade; finalmente, a logos que dá suporte racional ao discurso, emprestando-lhe lógica ao trazer dados relativos a estudos realizados.
Por essas e mais aquelas, muito cuidado com a comunicação, especialmente a verbal. Ela precisa transmitir a intenção correta e coerência entre o discurso e os valores da empresa, de forma assertiva e consistente.
Ensinamento da semana: “O falante deve ser poliglota em sua própria língua”. [Evanildo Bechara]