“No futuro os celulares não terão câmeras!”

#038 25 No futuro os celulares não terão cameras

Com essa afirmação, o presidente mundial de um importante grupo empresarial alemão, selou a sorte da unidade mobile da sua companhia. No final da década de 1990, em visita ao Brasil, este senhor reuniu seus principais executivos e vaticinou que, no futuro, segundo sua engenharia de produto, os aparelhos celulares não teriam câmeras e, portanto, os produtos da sua unidade mobile não contariam com esse dispositivo incorporado. Poucos anos mais tarde, essa unidade de negócios do grupo foi transferida ao concorrente e, mais, com o pagamento de uma vultuosa quantia para que os compromissos assumidos fossem honrados.

A Importância da Revisão Contínua do Planejamento Empresarial

O cenário de negócios atual é mais dinâmico e imprevisível do que nunca. Em um ambiente onde a única certeza é a mudança, a capacidade de adaptação e a revisão contínua do planejamento empresarial deixaram de ser apenas boas práticas para se tornarem uma necessidade vital para a sobrevivência e o sucesso a longo prazo.

Ficar preso ao passado pode ser fatal

Historicamente, muitas empresas alcançaram o auge do sucesso com estratégias inovadoras e produtos revolucionários. No entanto, o erro fatal de algumas delas foi acreditar que o sucesso passado garantiria o futuro.

“O que te trouxe até aqui não vai te levar para o próximo nível” Marshall Goldsmith , consultor de negócios norte-americano..

A autocomplacência, a aversão ao risco e a incapacidade de enxergar além do próprio nariz levaram gigantes a ruir, mesmo diante de novos concorrentes que, à primeira vista, pareciam despreparados ou insignificantes.

Lá fora como aqui

Exemplos clássicos dessa falha em se adaptar são abundantes. A Kodak, pioneira na fotografia, tinha a tecnologia digital em suas mãos, mas hesitou em abraçá-la por medo de canibalizar seu negócio de filmes. O resultado? Foi ultrapassada por empresas que souberam capitalizar a transição para o digital. A Blockbuster, que dominava o mercado de locação de vídeos, subestimou o poder do streaming e a mudança nos hábitos de consumo, abrindo caminho para a ascensão da Netflix. A Nokia, líder incontestável no mercado de telefonia móvel, falhou em reconhecer a iminente revolução dos smartphones, perdendo sua posição para concorrentes mais ágeis e inovadores.

No Brasil, exemplos como a loja Mappin, uma gigante do varejo que não conseguiu se reinventar diante da concorrência de novos formatos e do e-commerce, e a Vasp, uma das maiores companhias aéreas do país que sucumbiu a problemas de gestão e à falta de adaptação às novas realidades do mercado, reforçam essa tese. Outro caso notório é o da varejista Mesbla, que, apesar de sua forte presença no varejo, não soube acompanhar as mudanças no comportamento do consumidor e a modernização do setor. Esses exemplos nacionais, assim como os globais, servem como um lembrete contundente de que a complacência é o maior inimigo da perenidade.

Esses casos ilustram um ponto crucial: os tempos mudaram drasticamente. Novas tecnologias, como a inteligência artificial e o 5G, estão redefinindo indústrias inteiras. Os hábitos de consumo se alteraram radicalmente, com a digitalização e a busca por experiências personalizadas ditando as regras. Além disso, a globalização transformou a relação de forças entre as nações, criando um cenário competitivo complexo e interconectado.

Nesse contexto, a revisão periódica das etapas do planejamento não é um luxo, mas uma obrigação. Um plano de negócios não pode ser um documento estático guardado na gaveta. Ele precisa ser um organismo vivo, constantemente avaliado, ajustado e atualizado para refletir a realidade do mercado, as novas tecnologias e as mudanças no comportamento do consumidor. A revisão permite identificar novas oportunidades, mitigar ameaças emergentes e realinhar a empresa com seus objetivos estratégicos.

Empresas que prosperam hoje são aquelas que entendem que a inovação é um processo contínuo e que a capacidade de se reinventar é a chave para a longevidade. Elas não veem novos concorrentes como despreparados, mas como sinais de que o mercado está evoluindo e que é preciso evoluir junto. Abraçar a mudança, questionar o status quo e estar sempre disposto a aprender e se adaptar são os pilares para construir um futuro de sucesso em um mundo em constante transformação.

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