Atualmente, graças aos avanços da neurociência já se reconhece que fazer uma coisa de cada vez é mais poderoso e produtivo do que fazer várias coisas ao mesmo tempo. Afinal, o cérebro humano não é multitarefas. Apesar de ser adaptável e plástico, não é função da plasticidade neuronal sobrecarregar as áreas com processamentos simultâneos. Mas nem sempre foi assim.
Lembro-me do período em que trabalhei no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) de 1970 a 1973. Havia um colega de trabalho, que além de muito dedicado em tudo o que fazia, era provido de uma inteligência cognitiva acima da média. Aliado de primeira hora ao conceito de workalcoholismo, entre outras facetas da sua personalidade, se gabava de ser multitarefas, ou seja, conseguir fazer várias coisas ao mesmo tempo.
A evidência disso era que, enquanto se reunia com outras pessoas, independente de quem se tratasse (chefe, colegas ou subordinados), ele sequer olhava para o interlocutor e seguia com sua rotina telefonando, datilografando ou consultando algum material, que naquele tempo era físico (sempre bom lembrar que não havia computador pessoal e muito menos internet).
Essa atitude gerava um enorme mal estar já que o nível de rapport era praticamente nulo. . Talvez para a grande população de professores e pesquisadores indianos existente à época no INPE essa atitude soasse normal, mas não para nós latinos.
Hoje já se sabe que pessoas que se consideram “multitarefa” formam, na verdade, um seleto grupo de indivíduos que desenvolveram a capacidade de transitar entre tarefas em um curto período de tempo. E, com treino e tempo, essa capacidade pode crescer tornando-se automática, sem que se perceba a mudança de uma tarefa para outra.
Vamos analisar algumas razões que advogam a monotarefa em detrimento da multitarefa.
1. Qualidade e precisão: concentração em uma única tarefa permite uma atenção maior aos detalhes, resultando em trabalho de maior acurácia e menos erros. Multitarefas frequentemente levam a lapsos de atenção e a uma diminuição da precisão.
2. Produtividade: pesquisas mostram que a multitarefa pode reduzir a produtividade em até 40%. Alternar entre tarefas requer tempo e energia mental, conhecido como “custo de transição”, o que pode reduzir a eficiência geral final.
3. Menos estresse: focar em uma tarefa de cada vez pode diminuir os níveis de estresse. A multitarefa pode ser mentalmente exaustiva, aumentando a sensação de sobrecarga e ansiedade.
4. Memória e aprendizado: concentração profunda em uma tarefa melhora a capacidade de reter informações e de aprender novos conceitos. A multitarefa pode interferir na memória de curto e longo prazo, dificultando a retenção de informações importantes.
5. Criatividade e resolução de problemas: a monotarefa permite um pensamento mais profundo e criativo. A multitarefa pode fragmentar o pensamento e limitar a capacidade de desenvolver soluções inovadoras e integradas.
6. Satisfação e realização: completar uma tarefa antes de passar para a próxima traz uma sensação de realização e satisfação, o que pode ser motivador. A multitarefa muitas vezes deixa várias tarefas incompletas, o que pode ser desmotivador e frustrante.
Portanto, adotar a abordagem de uma coisa de cada vez promove maior eficiência, eficácia, bem-estar e qualidade de vida pessoal e no trabalho.
O melhor, mesmo, é desenvolver certos hábitos que mantenham o foco no que se está fazendo, seguindo os passos de elaborar um bom planejamento, ter objetivos claros, evitar distratores e, claro, arranjar de tempos em tempos, uma janela para descansar; o resto é bolha.
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