As pessoas estão deixando de ser desempregados para se tornarem desempregáveis
O desemprego sempre foi um dos indicadores que mais impacta a saúde de um povo. Segundo o IBGE, desemprego “se refere às pessoas com idade para trabalhar (acima de 14 anos) que não estão trabalhando, mas estão disponíveis e tentam encontrar trabalho”; o último censo (3o. trimestre de 2024) indicou uma população de 7 milhões de pessoas nessas condições, ou seja, 6,4% dos elegíveis a trabalhar.
Por outro lado, tem novidade (boa) na praça: a transição do termo “desempregado” para “desempregável” reflete mudanças nas dinâmicas do mercado de trabalho e na forma como as pessoas são percebidas dentro dele.
Esse é mais um neologismo (lembra do “imexível” do ministro Magri – 1990/92 ou do atual “imparável”) que enfatiza a capacidade de uma pessoa de se adaptar às exigências do mercado, mesmo que não esteja empregada no momento.
Algumas razões para essa mudança são:
- Foco em habilidades e empregabilidade
O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e dinâmico, exigindo habilidades específicas. Ser “desempregável” significa estar apto a ocupar uma vaga por possuir competências, mesmo que a oportunidade ainda não tenha surgido.
- Valorização crescente da qualificação contínua
O termo “desempregável” destaca a necessidade de desenvolvimento constante, como investir em formação, aprender novas habilidades e, principalmente, adaptar-se às mudanças tecnológicas.
- Mudança de mindset sobre trabalho
Hoje, muitos não encaram o desemprego como um estado permanente, mas como uma etapa transitória. Estar desempregável sugere que a pessoa tem potencial e está pronta para trabalhar assim que surgir uma oportunidade.
- Responsabilidade individual
O termo reflete a ideia de que o indivíduo deve assumir o protagonismo na construção de sua carreira, destacando suas competências, networking e capacidade de atender às demandas do mercado.
- Crescimento das ocupações emergentes
Com o aumento do trabalho autônomo, freelancing e empreendedorismo, muitas pessoas não se consideram mais desempregadas, mas “empregáveis” em diferentes formas de trabalho, não necessariamente com vínculos formais.
Prós e contras da “desempregabilidade”
Ser desempregável pode ser tanto uma vantagem quanto uma desvantagem competitiva, dependendo do contexto e de como o indivíduo lida com essa condição.
Vantagens competitivas
- Adaptabilidade: pessoas desempregáveis costumam ter habilidades e competências que atendem às exigências do mercado, tornando-as mais preparadas para novas oportunidades.
- Proatividade: o conceito de desempregabilidade reflete a disposição para aprender continuamente e se manter atualizado, algo muito valorizado atualmente no mercado de trabalho.
- Diversidade de opções: um indivíduo desempregável pode estar apto para atuar em diferentes áreas, formatos de trabalho (freelance, remoto, por projeto) e diversas indústrias (setores), o que amplia suas possibilidades.
- Rede de contatos: Geralmente, pessoas desempregáveis investem no networking, criando conexões que podem levá-las a novas oportunidades.
Desvantagens competitivas
- Falta de estabilidade: mesmo sendo desempregável, a ausência de um emprego fixo pode ser interpretada negativamente por recrutadores mais conservadores.
- Alta competição: se a moda pega e muitas pessoas são desempregáveis, o mercado pode ficar saturado de talentos com perfis similares, dificultando a diferenciação.
- Insegurança financeira: sem um emprego formal, indivíduos desempregáveis podem enfrentar desafios para garantir estabilidade financeira a longo prazo.
- Demanda por atualização constante: A exigência de aprendizado contínuo pode ser desgastante ou inacessível para alguns, especialmente em mercados muito dinâmicos.
Em síntese, a noção de desempregável reflete maior fluidez no mercado de trabalho, onde o foco está menos no status atual da pessoa (se tem emprego ou não) e mais na sua capacidade de conquistar oportunidades futuras. No cenário atual, ser desempregável é mais uma vantagem competitiva, especialmente em um mercado de trabalho que valoriza flexibilidade, múltiplas habilidades (tanto hard como soft skills e, principalmente, estas últimas) e capacidade de adaptação. No entanto, para transformar a desempregabilidade em sucesso, é fundamental saber gerenciar a carreira, desenvolver um diferencial e estar sempre conectado às tendências do mercado.