É impressionante como, em todo ano par, infalível e infelizmente, assistimos à instalação no Brasil de uma onda de catastrofismo, verdadeiro tsunami de dar inveja aos mais famosos fenômenos climáticos dessa categoria dos últimos tempos.
E, agora, com a popularização das redes sociais em plena efervescência, a coisa ganha uma proporção gigantesca e sem precedentes em fração de segundos. Verdade seja dita, esse fato não é novidade, só mudou o meio de transmissão; quem é das antigas, há de se lembrar que, mesmo antes de a internet se tornar pública e, portanto, atingir o poder de fogo que tem hoje, já se ouviam os arautos do apocalipse se manifestarem por outros canais.
Em 1989, por exemplo, o então presidente de uma importante (e, à época, relevante) entidade de representação patronal anunciou, alto e bom som que, se um certo candidato vencesse o pleito presidencial, haveria uma debandada geral dos empresários do Brasil. Na prática o que se viu foi bem diferente e esses mesmos empresários que iriam embora alguns anos mais tarde, surfaram por aqui mesmo, nas marolinhas.
Sem querer se passar por vestal do templo, eu proponho que, antes de pintar o cenário com cores sombrias, se faça uma análise fria e crítica, sem viés ideológico, do que está acontecendo.
Quer um exemplo?
A edição de 18 de outubro de 2024 do Diário do Comércio, principal veículo de comunicação da Associação Comercial de São Paulo, instituição centenária que representa as empresas comerciais e de prestação de serviços no estado de São Paulo, trouxe os seguintes manchetes em destaque:
● Brasil vive nova onda de entrada de marcas estrangeiras
● Foram criados 349 mil pequenos negócios em setembro, diz Sebrae
● Santander prevê aumento de 23% no Ebitda do varejo no 3º trimestre
● ‘A inteligência artificial já está mudando o agronegócio no Brasil e no mundo’
Alguns aspectos chamam a atenção nesses títulos: de um modo geral, um cenário otimista dos negócios, em vários segmentos, apesar da onda de pessimismo que se observa especialmente nas redes sociais, talvez motivado pelo momento de disputa que antecede às eleições para os cargos eletivos nos municípios.
Outro aspecto bastante interessante é o fato de que o setor primário (agro), caracterizado por atividades extrativistas (do solo, subsolo e do mar), portanto, na sua origem a mais distante do emprego de máquinas e equipamentos, está incorporando tecnologias em suas operações que representam o estado da arte, deixando para trás setores tradicionalmente vanguardistas na adoção dessas soluções.
Enquanto o agronegócio segue batendo recordes de produção de grãos (safra de 2024/2025 com previsão de 322 milhões de toneladas, +8.3% em relação à de 2023/2024), encontrando soluções mediante o emprego de inteligência artificial e o comércio se reinventando através do e-commerce ou abraçando novos players/parceiros entrantes no mercado, seja pelo modelo de negócios de licenciamento ou franquia, a indústria claudica e padece da falta de mão de obra capacitada e qualificada para enfrentar os desafios do século XXI e assiste ao fenômeno de desindustrialização paulatina, vivendo de incentivos fiscais e desonerações setoriais.
A verdade é que há algum tempo existe uma tendência de os países mais desenvolvidos terceirizarem sua produção industrial, concentrando seus esforços no comércio e na prestação de serviços, setores que já respondem por mais do que 70% do PIB.
Outros dados que nos animam são a recente elevação da nota de crédito soberano do Brasil de Ba2 para Ba1a pela agência de avaliação de risco norte-americana Moody’s, ou seja, diminuiu o grau de risco aos olhos dos investidores estrangeiros e o fato de que, em 2023, nosso país foi o 5o. maior destino dos investimentos diretos externos (IDE), segundo a publicação Destaque, edição de agosto de 2024, do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), perdendo somente para os Estados Unidos, China, Singapura e Hong-Kong.
Que sempre há o que melhorar, eu não tenho dúvida mas, negar fatos e números da realidade, é faltar com a verdade e não pega bem. Semanalmente eu publico um artigo sobre gestão, negócios e empreendedorismo. Se quiser saber mais sobre esses assuntos, acesse meu site, vídeos no meu canal no Youtube, Gotas di Gestão, podcasts no Spotify ou pode me enviar uma mensagem no privado. Responderei com muito gosto. Enquanto isso, deixa um like nessas plataformas e indica para seus amigos assinarem e tornarem esse conteúdo mais relevante.