A cultura precede a prática.
Na semana em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, nada mais oportuno do que abordar a relação cultura organizacional versus desenvolvimento sustentável nas empresas.
Esse tema faz parte de um processo que integra diversas áreas do conhecimento: educação, economia, ciência, meio ambiente, comunicação e relações sociais.
No ambiente organizacional, é a cultura que possibilita fortalecer o compromisso, a moral e a ética, a produtividade de seus integrantes; modelando comportamentos que geram impactos positivos no ecossistema em que a empresa atua.
Assim, o objetivo desse artigo é explorar a relação cultura-desenvolvimento-sustentabilidade, visando a formulação de um modelo de cultura organizacional que permita às organizações caminharem rumo à sustentabilidade. Define-se cultura sustentável como um conjunto de crenças, valores, normas, práticas e comportamentos que priorizam o ser humano, a qualidade de vida e a proteção dos recursos naturais, como eixos centrais na entrega dos produtos (bens ou serviços) pela organização para o mercado.
No âmbito da gestão sustentável, uma abordagem que busca o equilíbrio entre os aspectos econômico-social-ecológico, está cada vez mais presente nas demandas de amplos setores econômicos e sociais por meio de práticas empresariais que considerem a preservação do meio ambiente e uma gestão ética e com responsabilidade social. Reciprocamente, cada vez mais organizações estão entendendo a necessidade de considerar que a própria atividade não pode ser sustentável à custa de ignorar as expectativas de um conjunto mais amplo de atores da sociedade. Que existem conflitos de interesses, tensões e zonas cinzentas entre a organização e suas partes interessadas (stakeholders). São atores sociais com diferentes objetivos e comportamentos interagindo no mesmo lugar e a um só tempo, exigindo que a organização considere uma mudança cultural que lhe permita repensar seus sistemas de gestão e avaliar seu posicionamento para garantir a sustentabilidade do negócio no longo prazo.
Essa perspectiva se contrapõe a uma visão de curto prazo ou meramente conjuntural, do momento em que entrega valor à sociedade.
Até agora, a relação da humanidade com o ambiente natural tem sido considerada principalmente em termos biofísicos; no entanto, agora é cada vez mais percebido e reconhecido que as próprias sociedades criaram procedimentos complexos que visam proteger e gerenciar seus recursos, especialmente os naturais.
Como levar em conta esses procedimentos enraizados em valores culturais para que o desenvolvimento sustentável se torne uma realidade?
A resposta a esta pergunta e de acordo com a visão da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, criada pela ONU em 1988) exige que se dê maior atenção às interações entre cultura e meio ambiente.
Todas essas considerações levaram a CMMAD a recomendar, repensar e expandir o conceito de política cultural para superar a abordagem estreita que prevaleceu até agora, convidando à reflexão:
- Como os países podem definir políticas culturais destinadas a promover um pluralismo verdadeiramente construtivo onde a diversidade é uma fonte de criatividade?
- Como convencer tomadores de decisão de que apoiar formas e expressões novas, emergentes e experimentais não significa apenas subsidiar o consumo, mas investir no desenvolvimento humano?
Essas indagações passam necessariamente pelo papel institucional da organização, tanto na consecução do desenvolvimento econômico como na reformulação de seus componentes culturais de forma a contemplar a natureza como parte do capital com o qual e para o qual trabalham, criando raízes e não âncoras.
Ensinamento da semana: Nenhuma organização será capaz de sobreviver em um ambiente devastado pela pobreza e desigualdade; não haverá mercado para apoiar a atividade empresarial em condições de consumo insustentáveis.