Trago à reflexão algo que não é novo mas que continua atual.
É comum entre empreendedores, quando vão iniciar o seu próprio negócio, ficarem ansiosos e até angustiados enquanto não pendurarem na parede da sala os quadrinhos com as três famosas declarações. Me refiro às perguntas que aprendemos em qualquer curso sobre empreendedorismo: quais são a Missão, a Visão e os Valores do seu futuro negócio?
Não que eu não considere importante conhecer a Missão, Visão e os Valores da empresa.
Quando perguntam a minha opinião sobre esse tema, normalmente, em resposta, recebo dois tipos de comportamento: primeiro, um certo ar carregado de dúvida, desapontamento e frustração; e, depois, uma reação de alívio do tipo, “ah, agora entendi!”.
Na explicação do porquê, eu deixo claro que a definição do propósito pessoal do futuro empreendedor deve preceder a tudo isso.
Simplesmente porque, quando não se tem clareza de qual é o nosso verdadeiro propósito na vida, desperdiçamos tempo e energia tentando, o tempo todo, parecer melhores que os outros, sem saber o por quê. E esse sentimento é passado para a equipe, por meio do estabelecimento de metas e cobranças, muitas vezes sem significado. Usando a metáfora do futebol, lembro que quem não conhece o objetivo do jogo não sabe como vencer o campeonato. Nem sempre o objetivo é ganhar uma partida específica. Quantas vezes ganhamos ao perder? A questão é estratégica.
Importante, portanto, o empreendedor refletir sobre o papel e o impacto do seu negócio nas pessoas, na sociedade e no planeta. A empresa deve ser o instrumento que vai servir de ponte para viabilizar a concretização do seu propósito.
Além disso, o trio Missão-Visão-Valores é um recurso muito poderoso de planejamento que vai servir para o direcionamento estratégico da companhia e, quando bem empregado, para atrair, engajar, motivar e reter talentos.
Um ponto a destacar é que essas declarações estão em constante evolução, podendo e devendo ser revisitadas periodicamente e ajustadas à realidade que se está vivendo. Não significa, no entanto, renunciar à sua essência que deve se manter intocável. Exemplo vivo é o caso da Natura, maior indústria brasileira de cosméticos, fundada em 1969 e cuja declaração de missão foi alterada de “aumentar a autoestima das pessoas” para “bem estar bem”, retratando a importância do cuidado pessoal no estabelecimento de relações saudáveis entre as pessoas, consigo mesmo e com o outro. Sem renunciar ao propósito inicial do seu fundador.
E, para finalizar, outro aspecto a considerar. Muito embora não se atinja tudo a que se aspira no curto prazo, ter clareza de propósito permite à equipe dar contribuições muito maiores do que daria em quaisquer outras circunstâncias.
Ensinamento da semana: O objetivo essencial é ao mesmo tempo concreto e inspirador, mensurável e significativo [Greg McKeown, autor de Essencialismo]