O futebol é sempre uma boa fonte de metáforas. A frase que dá título a esse artigo é de autoria de um dos maiores craques do nosso futebol, Waldir Pereira, o Didi (1928-2001). Meio-campista da melhor qualidade, por conta de uma lesão, passou a chutar com os 3 dedos mais externos do pé e daí nasceu o chute que à época se chamava “folha seca” e hoje, “de três dedos” que imprime uma curva à trajetória da bola, enganando o goleiro.
Além do futebol, a frase cai bem em diversas áreas da nossa vida, inclusive no mundo corporativo. Nesse campo, vou abordar um aspecto específico que é a promoção do desenvolvimento da força de trabalho da organização.
Esse tema me é muito caro porque nas minhas andanças como mentor e professor, encontro muitos líderes empresariais que se gabam de oferecer treinamento a seus funcionários e achando que com isso estão abafando e dando uma oportunidade de crescimento a eles. Para ser justo, em certa medida sim. Mas só até a página dois; explico.
Até a revolução industrial quando a produção era eminentemente artesanal, o artesão se desencumbia de todas as etapas do processo: do projeto à entrega (e eventual conserto em garantia ou não) passando pela venda e produção.
Com a invenção da máquina a vapor e sua aplicação nos processos produtivos emergentes, houve uma verdadeira explosão de variedade de equipamentos e ferramentas de produção de forma a acompanhar o crescimento do número de produtos e dos respectivos volumes de produção. Na esteira desse movimento, surgiu a necessidade de ensinar a forma de operar os recém criados dispositivos de apoio à produção. A essa forma de ensinar costuma-se dar o nome de treinamento. Todo treinamento tem um objetivo específico e um prazo bem definido.
De outro lado, o que se discute atualmente é muito mais o provimento de habilidades que permitam ao funcionário se tornar protagonista dos seus atos presentes e futuros. A esse processo chamamos desenvolvimento.
Se por um lado o treinamento é feito em massa (um grupo sendo treinado em um certo equipamento ou tecnologia), o desenvolvimento parte do pressuposto que cada um traz seu próprio repertório, fruto de uma história de vida muito particular. Suas lacunas, em termos de competências, portanto, são individuais. Como a incerteza é a única certeza atualmente, sempre haverá alguma habilidade a ser desenvolvida. Esse processo é contínuo e nunca termina.
Esse é o jogo, o resto é treino.
Ensinamento da semana: “Mais arriscado que mudar é continuar fazendo a mesma coisa.” Peter Drucker.