Esse título extraído de um dos livros da Bíblia, Evangelho segundo São Mateus, capítulo 26, versículo 41, serve de inspiração para meu artigo de hoje sobre empreendedorismo e gestão. Vou explicar por quê.
Quando um empreendedor começa um novo negócio, normalmente ele dedica no mínimo 120 ou 130 % do seu tempo às questões da empresa. Descontado o exagero e a ofensa à matemática, o dono do negócio trata a empresa que acaba de ser criada como se fosse um bebê recém-nascido. Não tem tempo para mais nada e para mais ninguém. Se esquece de comer, de dormir, de namorar, enfim, de viver a vida. Tudo o que faz, gira em torno dos compromissos que tem com a sua nova criatura: divulgação, produção, vendas, faturamento, cobrança, fornecedores, tecnologia etc.
Na medida em que a empresa cresce e começa a dar sinais de que vai andar com suas próprias pernas, o empreendedor, naturalmente, vai se distanciando das tarefas operacionais, o que eu acho muito correto. Mas isso não significa que ele deve “delargar” o seu negócio e conduzi-lo no piloto automático. Você, empresário, já deve ter notado que as coisas para desandar caminham mais rápido do que para dar certo. Ao menor descuido, pronto, é um cliente descontente, um produto com defeito recorrente, um cliente inadimplente, um fornecedor que não entregou no prazo ou um tributo não pago e aí começa uma espiral ascendente de problemas.
Eu me lembro de um episódio que se deu comigo e que ilustra bem essa situação. Em 1996, eu comprei um carro importado com câmbio automático e que tinha, entre outros opcionais, o controle automático de velocidade, uma espécie de piloto automático. Atingida uma certa velocidade, você apertava um botão no volante e ele mantinha aquela velocidade constante, independente de o terreno ser plano, ter subidas, descidas ou curvas. Eu resolvi estrear o carro numa viagem a Poços de Caldas. Num certo momento da viagem, resolvi testar o “brinquedinho” e acionei o piloto automático. Era um dia ensolarado, tudo ia muito bem e eu conversava tranquilamente com minha mulher, até que surgiu uma curva e a velocidade em que eu estava era incompatível com aquele trecho da estrada. O resumo da história é que, por muito pouco, não despenquei serra abaixo. Não fosse, o meu reflexo auxiliado pela tecnologia dos freios com ABS (que não trava as rodas quando se freia bruscamente) o passeio teria tido um fim trágico.
Estou contando isso porque é o que acontece com grande número de empresas. As coisas começam a ir bem e o seu gestor vai se esquecendo de olhar de vez em quando o que está acontecendo nos diversos setores, por exemplo, através dos “reloginhos” de um painel de controle: Como está o comportamento das vendas, produção, finanças, pessoal etc.
A realidade é que as atividades dentro de uma organização são correlacionadas, ou seja, algo que acontece fora do planejado, se não corrigido, rapidamente instala o caos e pode levar à perda do controle do negócio.
Aqui não se trata de desconfiar de ninguém, mas de controlar os processos para que o seu rumo seja corrigido o mais cedo possível. Existem ferramentas para isso.
Ensinamento da semana: O verbo é conferir e não confiar.