Você já deve ter ouvido essa frase.
É comum em palestras e treinamentos motivacionais de empresas, o moderador incentivar a sua audiência com expressões do tipo: “treine mais”, “se esforce mais”, “pratique mais” etc…..
Pois bem, em junho de 1984, inspirado em um jogo de tabuleiro grego chamado Pentominoes, um cientista da academia russa de ciências criou um jogo eletrônico chamado Tetris. O objetivo do quebra-cabeça era encaixar bloquinhos compostos por 4 quadrados em diferentes arranjos e capazes de girar sobre o próprio eixo em apenas quatro posições diferentes. O desafio é girar os bloquinhos até encaixá-los por completo, formando linhas sem deixar vazios. E, à medida que o jogador melhora o desempenho, o jogo aumenta a velocidade com que as peças surgem na tela. O sucesso foi tão grande que despertou o interesse de pesquisadores do departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Harvard. Um grupo de alunos foi selecionado e remunerado para jogar Tetris durante um certo tempo. Eles passaram a apresentar comportamentos alterados como efeitos colaterais à exposição excessiva ao jogo.
Uma das conclusões a que se chegou foi que os jogadores ficavam ligados em um processo chamado de “imagem residual cognitiva”. Um efeito semelhante àqueles pontos azuis que enxergamos logo após tirarmos uma foto com flash.
O grupo passou, também, a enxergar os blocos do jogo em tudo que viam na sua vida cotidiana, na rua, em casa ou no trabalho. As pesquisas que se seguiram indicaram que o jogo ininterrupto criava novos caminhos neurais no cérebro das pessoas que se submeteram aos estudos, que acabavam distorcendo a forma como eles viam as situações na vida real. A isso se dá o nome de Efeito Tetris ou Síndrome de Tetris.
Transpondo essa experiência para o mundo corporativo, imagine no ambiente de trabalho alguém preso a um padrão de pensamento ou comportamento negativo; que só enxerga coisas erradas em que tudo o que vê, sendo motivo de reclamação. O mais interessante é que esse comportamento não se dá por vontade da pessoa. O seu cérebro foi treinado para descobrir defeitos e erros. Em algumas situações isso pode ser interessante (controle de qualidade, por exemplo) mas em outras se transforma em problema. Se não for tomado o devido cuidado, o ambiente se tornará tóxico em muito pouco tempo.
Uma forma de neutralizar as consequências dessa atitude mental é treinar as pessoas para enxergar elementos positivos na sua vida e no trabalho. Agindo dessa maneira, as pessoas descobrem novas oportunidades e aumentam as chances de desenvolver novas possibilidades de crescimento e atingimento de metas pessoais e profissionais.
Quando concentramos nossa atenção nas coisas positivas, nos beneficiamos de três ferramentas que elevam o nível do nosso bem estar: felicidade, gratidão e otimismo. Esses são os chamados propulsores do Efeito Tetris Positivo. Por outro lado, como tudo que depende de mudança de rotina, é preciso praticar muito para criar o hábito.
A melhor maneira de iniciar o processo para modificar sua atitude mental, é fazer diariamente uma lista de três aspectos positivos de seu dia a dia, tanto na vida pessoal como profissional. Não precisa ser nada grandioso e mirabolante: pode ser algo que te fez dar boas risadas ou a satisfação por ter concluído uma tarefa, ou mesmo de ter reencontrado ou telefonado para um amigo ou familiar que não via há tempo.
A lógica é simples: como temos um número limitado de coisas nas quais conseguimos focar nossa atenção ao mesmo tempo, quando focamos em coisas positivas, nosso cérebro é levado a afastar para um segundo plano os pequenos aborrecimentos e frustrações que antes se destacavam em primeiro plano nas nossas vidas. Com tempo e treino, consegue-se deletar totalmente esses elementos negativos do nosso campo de visão. E o mais bacana disso tudo é que as pesquisas indicam que a prática regular desse exercício, torna a sensação de bem estar cada vez mais duradoura se prolongando por até seis meses.
Resumindo, o importante é ritualizar a prática: escolha um lugar fixo (um bloco de notas no seu celular ou um “eu-grupo” do whatsapp) e um horário certo (antes de começar a ler seus emails) para fazer os seus registros. Funciona para todo mundo, crianças e adultos, empregados, microempresários e poderosos executivos.
Ensinamento da semana: Para ver o mundo, use lentes rosadas e não cor-de-rosa.