Carnaval: caos ou gestão?

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Fazer um carnaval, é entendido por muita gente como sinônimo de promover confusão, desordem, bagunça, desorganização e, porque não, um estado de verdadeiro vale tudo, que beira o caos.

Então, eu lamento dizer, para as pessoas que apostam nessa acepção ou associam carnaval a essa situação caótica que elas desconhecem o que efetivamente representa o carnaval e as lições que dele podemos tirar.

Digo isso com conhecimento de causa, uma vez que durante mais de 10 anos vivi uma riquíssima e inesquecível experiência, ao participar ativamente do carnaval de São Paulo pela escola de samba Unidos do Peruche. Lá fui figurante, chefe de ala e harmonia.

Ninguém ama o que não conhece, Sto Agostinho

E o mais interessante é que meu ingresso nessa jornada se deu de forma acidental, não planejada, obra do acaso. Estavamos, minha mulher e eu, tomando um chopinho na Avenida Braz Leme quando, de repente, vimos passar um comboio de ônibus carregados de foliões fazendo o maior auê, se dirigindo para o sambódromo do Anhembi. E olha que nem era dia de desfile oficial. Na realidade era a sexta-feira pós-carnaval quando ocorria o desfile das campeãs. Chovia a cântaros e, mesmo assim, fomos arrastados pela enxurrada contagiante daquele cortejo para assistir ao desfile da arquibancada.

Foi tão impactante que resolvemos conhecer a quadra da escola. E aí, pronto, fomos tragados pelo movimento e passamos a frequentar as reuniões de planejamento do carnaval do ano seguinte. Isso mesmo, planejamento!

Logo após um desfile é feita uma avaliação do que deu certo e do que precisaria ser melhorado; o que sobrou e o que faltou em cada um dos nove quesitos: Bateria, Samba-Enredo, Evolução, Harmonia, Enredo, Alegorias e Adereços, Fantasias, Comissão de Frente e Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Atualmente, os quesitos são avaliados por quatro jurados dispostos ao longo da passarela de 530 metros de comprimento por 14 metros de largura por onde desfilam as escolas.

Essa poderosa indústria, o carnaval das escolas de samba, se desenvolve em obediência a cronogramas rígidos, que incluem estratégias efetivas na sua gestão e, também, obriga à busca de parceiros (apoiadores e patrocinadores).

Segundo estimativa da CNC (Confederação Nacional do Comércio) o carnaval em 2024 deve movimentar quase R$ 10 bilhões na economia e no turismo no Brasil.

Se você não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve,

Lewis Carroll

Tudo começa com a escolha do tema; ele será o fio condutor de todos os trabalhos. Tema aprovado, o carnavalesco desenvolve um projeto que será gerenciado nos próximos 11 meses. A forma como o tema será desenvolvido é o enredo da escola. A definição do enredo é uma das tarefas mais complexas. Afinal, uma história pode ser contada de diferentes formas. O carnavalesco é o responsável por contar essa história, com o detalhamento da apresentação, o que inclui carros alegóricos, fantasias, comissão de frente, entre outros, compreendendo em média 3.500 figurantes organizados em alas.

Vencida essa etapa, o projeto é submetido à presidência da escola de samba para a sua aprovação formal. Ele avalia a viabilidade técnica do desfile proposto, especialmente quanto  ao orçamento, e pode solicitar ajustes ao carnavalesco. Cada chefe de ala, se encarrega de desenvolver, produzir e vender as fantasias da sua ala, a partir de um piloto desenhado pelo carnavalesco.

Cabe destaque a escolha do samba enredo através de um rigoroso processo seletivo de letra e música que serão entoados no dia do desfile e que retratem o enredo da escola de forma simples porém empolgante.

Foco, disciplina e determinação geram resultados

Muitos conceitos de gestão de projetos são empregados em um desfile de escola de samba, a começar pela definição do escopo, ou seja, o que está e o que não está contemplado dentro do conjunto de processos e atividades a serem desenvolvidas.

A exemplo do que ocorre na gestão de um projeto, outras áreas do conhecimento são igualmente importantes no planejamento de um carnaval: gestão do tempo, de recursos humanos, de riscos e de comunicação. E, ao longo do processo, muitas ferramentas de qualidade são empregadas para avaliar cumprimento de metas, de custos e de prazos.

O fim faz parte da jornada,

Tony Stark

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O mais impressionante mesmo e que me marcou sobremaneira, foi o momento em que o locutor oficial anunciou “Peruche, a avenida é toda sua!”.  Trata-se de um momento mágico e de êxtase em que se esquece todos os perrengues, tudo se harmoniza em um passe de mágica. Aquele mar de gente, antes tudo junto e misturado, em poucos minutos se organiza em suas alas e entra na avenida  triunfante.

Semanalmente eu publico um artigo sobre gestão, negócios e empreendedorismo. Se quiser saber mais sobre esses assuntos, você encontra em meu site, em vídeos no meu canal no Youtube, Gotas di Gestão ou em podcast no Spotfy ou me enviar uma mensagem no privado. Enquanto isso, deixa um like nessas plataformas e indica para seus amigos assinarem e tornarem esse conteúdo mais relevante.

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