Um debate que já se tornou recorrente nas diversas rodas de conversa é a crescente invasão da IA (inteligência artificial) no mercado de trabalho, com reflexo em significativa substituição de vagas, atualmente ocupadas por humanos, por máquinas sejam robôs ou algoritmos.
Esse tema não é jogo de torcida única; há quem defenda a visão apocalíptica de que a IA vai gerar desemprego em massa e há aquele pessoal do copo meio cheio que enxerga oportunidades. Eu jogo no segundo time e vou dizer porquê citando um caso.
Recentemente, participando de uma discussão sobre inovação e seus impactos na sociedade, alguém lembrou que quando o automóvel foi inventado, “a turma do fim do mundo” vaticinou que ninguém mais andaria a pé e que todos se tornariam escravos da máquina que revolucionou o mundo (o carro). Esqueceram de um detalhe: não bastava a manifestação de vontade, era preciso ter capacidade (no caso, financeira) para adquirir o automóvel. E assim, acredito, também será com a IA, pelo menos no estado da arte em que nos encontramos.
É fato que ocupações com atividades repetitivas ou que colocam em risco o trabalhador estas, com certeza, deverão ser substituídas e, quanto antes, melhor. E eu diria mais, essa mudança ocorrerá muito mais pela pressão e controle de grupos organizados, dos movimentos sociais e dos órgãos reguladores do que propriamente por conta do avanço da tecnologia
O que se nota é que setores como logística (estocagem, separação, embalagem e expedição), atendimento ao cliente em centrais de telemarketing, operações em ambientes de risco de qualquer natureza e algumas tarefas da área financeira já passam por mudanças substanciais usando a IA visando a automação dos processos.
Por outro lado, a nova tecnologia já está sendo responsável pela geração de novas ocupações nas quais o elemento humano é imprescindível. A figura apresenta algumas das oportunidades que se abrem com o advento da IA.
Além disso, o desembarque da IA está gerando grandes desafios sociais. Vários institutos de pesquisa que atuam em gestão de carreira já apontaram uma grande necessidade de requalificação da mão de obra, além de trazer à mesa de discussão o debate sobre a distribuição de riqueza e dos empregos em uma economia cada vez mais globalizada e automatizada.
A boa notícia é que existem muitas tarefas que só podem ser feitas por humanos, uma vez que dependem de conexão entre pessoas. Para isso, é imperativo que se desenvolvam competências interpessoais, que contemplem qualidades não técnicas (soft skills) e traços de caráter, envolvendo habilidades de comunicação, colaboração, negociação, pensamento crítico e delegação de tarefas no ambiente de trabalho.
Resumindo, o enfrentamento dos desafios das novas tecnologias, vai exigir que se invista cada vez mais em educação, treinamento e desenvolvimento de habilidades. Desafio que deverá ser enfrentado de forma conjunta por governo, empresas e sociedade.
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